segunda-feira, 30 de novembro de 2009

ZÉ KETI


Zé Kéti foi atuante em várias frentes: participou da criação do cinema-novo, teve atuação política-idealista, obviamente contra o golpe de 64, inclusive o jornalista Sérgio Cabral já narrou em crônica a ousadia de Zé Kéti ao invadir o apartamento no consulado boliviano para cantar em solidariedade aos amigos exilados, entre eles o próprio Cabral e o historiador Joel Rufino. Mas, foi na música que se destacou, também em várias frentes, de ator-cantor no show Opinião à onipresença no Zicartola, ao flerte com a bossa-nova, passando pelas imortais marchinhas de carnaval. Clássicos de infinitos carnavais.



A despeito do apelido, Zé Kéti que vem de menino quieto, segundo ele, era assim que sua família o via quando pequeno, “que menino quieto, esse Zé”, “é o Zé quieto, Zé quietinho”, daí Zé Kéti. Zé Kéti também cunhou outro apelido famoso no compositor Paulo César Faria, ou melhor, Paulinho da Viola, assim Zé Kéti o chamou pela primeira vez, e ficou para sempre.


O compositor, de origem popular, e um mestre em falar do povo, da miséria e suas injustiças, também foi amoroso e melancólico nos sambas-canções, era um sambista completo e genuíno. Algumas de suas obras são pérolas da canção brasileira como Leviana, Mascarada, Máscara Negra, Malvadeza Durão, A voz do morro, Diz que fui por aí, entre tantas. Como tantos foram os parceiros, entre eles Élton Medeiros e Hildebrando de Matos.

Nos anos 80, época de ostracismo para os sambistas de raiz, Zé Kéti foi para São Paulo, onde retornaria para o Rio na década seguinte até falecer em 1999 aos 78 anos.

Morre o sambista e fica para sempre a lembrança e a poesia do grande portelense, cria de Inhaúma, boêmio da Lapa e arredores, que mesmo doente, já acamado, segundo depoimento de sua filha Geisa, queria arrancar os tubos e sair por aí, pro samba e o seu carnaval.

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