quarta-feira, 30 de setembro de 2009

PURA VERDADE !!! Injuriado (Chico Buarque)

É pura verdade Paulinho Perfect !!!

O pai de Chico Buarque foi professor de história na USP. Foi amigo de Fernando Henrique Cardoso, que na época ainda não era FHC. FHC frequentava a casa dos Buarque e conhece o Chico há muito tempo.

Chico Buarque participou da campanha de Fernando Henrique (ainda não era FHC...) para prefeito de SP em 1985. FHC (que ainda não era isso...) perdeu uma eleição que parecia fácil. Fez uma campanha legal. Chico Buarque fez a versão de "Vai Passar" para o jingle "... vai passar Fernando Henrique do voto popular..." Fernando Henrique tinha tanta certeza de que ganharia que se deixou fotografar sentando da cadeira de prefeito há poucos dias da eleição. Foi arrogante, diante do então prefeito de São Paulo, Mário Covas.
Perdeu para um louco chamado Jânio Quadros. Com o tempo foi mudando de lado. Afastou -se de velhos amigos e fez novas amizades. Quase foi ministro do Collor. Deve essa a Mário Covas. Covas desconfiava que o governo Collor era uma roubada (nos vários sentidos...). Brigou então com meio mundo no nascente PSDB e não embarcou.
Em 1994 Fernando Henrique se tornou FHC e se candidatou a presidente. Ganhou a eleição com o apoio das novas amizades, ACM entre elas. Chico fez campanha para Lula. Assim como tinha feito em 1989 e também faria em 1998, 2002 e 2006.
FHC tornou-se mais FHC do que nunca. Tinha grande apoio no Congresso e uma imprensa favorável. Chico Buarque o criticava sempre que podia. Certa vez perguntaram a FHC o que ele achava das críticas do Chico. FHC desdenhou e disse que o Chico "estava muito repetitivo".
Coitado do FHC. Atirou no ex-aliado e acertou num artista. Parece que o comentário de FHC foi além do lado pessoal. Provocou a criatividade de um gênio. E o artista respondeu. No cd "Cidades" Chico Buarque gravou uma música para FHC. É muito sutil e só entende que soube das provocações mútuas daqueles tempos. A letra da música segue abaixo. Afaste a possibilidade de Chico Buarque chorar a perda de uma mulher e aceite a de que responde a FHC. É diversão garantida...
Injuriado, Chico Buarque
"Se eu só lhe fizesse o bem
Talvez fosse um vício a mais
Você me teria desprezo por fim
Porém não fui tão imprudente
E agora não há francamente
Motivo pra você me injuriar assim
Dinheiro não lhe emprestei
Favores nunca lhe fiz
Não alimentei o seu gênio ruim
Você nada está me devendo
Por isso, meu bem, não entendo
Porque anda agora falando de mim"
Parece que o velho Chico não se repetiu... Hahahaha

PURA MENTIRA !!! História mentirosa de FLor de Lis


Há algum tempo recebi um e-mail que dizia que a música Flor de Lis o Djavan teria escrito para sua mulher que teria falecido no parto de sua filha, o nome da mulher dele supostamente seria Maria e da filha seria Margarida, ambas falecidas, já desconfiava, isso é pura mentira, é invenção de quem não tem o que fazer.


Desde que me entendo por músico gosto de contar as histórias das músicas, contar histórias dos compositores, desde que saiba que é pura verdade, a história dessa música nunca quis falar em minhas apresentações, porque nunca ouvi ou vi o Djavan confirmando tal fato, o engraçado é que vi um músico contando essa história mentirosa na sua apresentação, na verdade foi em uma "palhinha" que eu mesmo pedi pra ele fazer com o Grupo Roda de Samba, caros colegas vamos ter mais respeito com o nosso público, vamos pesquisar antes de falar qualquer coisa, blz!




"Carmelhagem" só para o bem, ok!


Brunno

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pra ela...

Vim de tão longe
Confesso, vim pra te ver
Busquei palavras tão simples pra te dizer
Que por você eu sou capaz
De me entregar, amar demais
Eu não sei viver longe de você
Acho que a gente não pode mais se deixar
Olhe na luz dos meus olhos a te buscar
Peço a Deus que essa paixão
Seja uma eterna união
Sem querer saber
Tudo por você
Por você
Eu faço tudo viro o mundo
Luto pra não te perder
Até esqueço meu orgulho
Vou além do meu querer
É tanto amor
Que eu já nem sei o que fazer
O que fazer...
Sem você...
Eu não sou nada
Cai meu mundo
Sou um grão na imensidão
Sigo perdido no universo,
Prisioneiro da paixão
Vem pros meus braços
Faz feliz meu coração

Pra ele... (caso pergunte já tem a resposta)


Tinha eu 14 anos de idade
Quando meu pai me chamou
(quando meu pai me chamou)
Perguntou se eu não queria
Estudar filosofia
Medicina ou engenharia
Tinha eu que ser doutor
Mas a minha aspiração
Era ter um violão
Para me tornar sambista
Ele então me aconselhou
Sambista não tem valor
Nesta terra de doutor
E seu doutor
O meu pai tinha razão
Vejo um samba ser vendido
E o sambista esquecido,
O seu verdadeiro autor
Eu estou necessitado
Mas meu samba encabulado
Eu não vendo não senhor

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

DEUS

Para chegar mais próximo de Deus tenho que me livrar de todos os preconceitos, toda amargura, tudo que me deixe próximo dos pecados da terra, Deus para mim é algo superior, é simplesmente a bondade, a natureza, o amor.
As razões para eu acreditar em um ser superior é simples, primeiro porque eu seria extremamente prepotente em pensar que nós humanos somos algo único e tivemos a sorte de ser criado por algo com toda a explicação científica, nem tudo é real, nem tudo é físico (eis a música), segundo porque nós acreditamos em tanta coisa abstrata, coisas que nunca vimos, como: Universo, outros planetas e etc, porque só Deus não existe?
O que me deixa mais próximo desse ser superior que para mim pode ser chamado de Amor, Felicidade, Amizade, Paz, Natureza, Deus e vários outros nomes é a música, essa me deixa mais próximo de Deus, ela me faz se livrar de todos os pensamentos ruins e me faz sentir que existe algo acima de mim, algo extrínseco.
A música é a minha ponte e ela me leva ao caminho de me tornar uma pessoa melhor, Deus está dentro de nós e não em locais com estrutura física e pessoas ensinando jargões religiosos, ou seja, a música é a minha religião, ela me faz sentir a bondade e o amor, ou se preferir ela me faz sentir o DEUS.
Brunno Damasceno

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Grupo Roda de Samba


Quem acompanha o trabalho do Grupo Roda de Samba vai se espantar com diversas novidades e inovações com que o Grupo vai passar nesses próximos três meses, inclusive no repertório (é só o que posso adiantar), inovações essas que tem a intenção de trazer o público para mais perto do Grupo, aguarde e confiram !!! Tenho certeza que vocês vão adorar !!!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

SIMPLY RED

A minha luta constante contra o preconceito especialmente o de cor, está me ajudando muito em minha vida, aprendi que antes de querer que as pessoas respeitem a negritude eu tenho que aprender a me livrar dos conceitos adiantados que fazem dos seres humanos piores, na minha juventude não podia escutar nenhum tipo de música que não fosse o samba de raiz que eu ficava revoltado, hoje após muitas pancadas aprendi a ser mais ameno e tentar respeitar todos os ritmos, por esse motivo me privei de escutar várias bandas, vários ritmos e etc, só o samba me interessava, hoje sei que sou músico e preciso crescer bebendo de todas as fontes, sejam elas com mais qualidade ou menos.

Toda essa reflexão é para mostrar que fiquei pasmo nesse final de semana, tive a oportunidade de escutar pela primeira vez uma banda chamada SIMPLY RED (um DVD que eles tocam em Cuba), fiquei abismado com a qualidade da banda, é impressionante, fiquei muito triste em ter conhecido a banda só agora, posso estar parecendo um matuto musical, mas é verdade, conheci apenas agora, sabia que existia, mas só por ouvir falar, quantas oportunidades musicais ainda vou perder, então se vocês caros leitores tiverem sugestões de qualquer tipo de música, não interessando o estilo pode me mandar um comentário que irei atrás de ouvir, resumindo peguei uma “porrada” do SIMPLY RED, o vocalista canta muito (uma das maiores vozes que já escutei), a qualidade sonora é perfeita, as harmonizações belíssimas, a dinâmica musical é sensacional, tudo é perfeito.

Salve SIMPLY RED !!!

Vejam:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Simply_Red
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mick_Hucknall

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Cansado de tocar !!!


Olá caros bambas, depois de duas apresentações seguidas resta o cansaço do ofício, na terça-feira na Toca do Lobo foi bem fraco de público (graças a maravilha do ACRE"SAMBA"), mas quando acontece isso até gosto porque podemos entoar sambas que nós músicos gostamos, como: "Voltou como folha trazida pela tempestade", esse samba é do João Nogueira, lindo mesmo, mas voltando ao post, na quarta tocamos na festa DIVERSAMBA que estava na programação da semana da diversidade, muito legal a festa e as pessoas se divertiram a bessa com muito respeito ao nosso samba, pedidos de João Nogueira, Cartola e até Maria Bethania apareceram por lá, bom! resta o cansaço e essa semana vou deixar meu pinho descançar um pouco.
Ah! a imagem acima não tem referência com o post, mas é em homenagem aos meus caros amigos palmeirenses...
ELE ESTÁ DE VOLTA !!!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Malandro


Malandro é um dos arquétipos mais perenes cravados no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Personagem real e imaginário, ele suscita fascínio e medo, respeito e desprezo, amor e ódio na mesma proporção. Era e continua sendo visto como alguém cuja esperteza se concretiza na lábia sedutora e nos pequenos golpes aplicados contra os otários, apesar da imensa simpatia que o destaca no meio da massa.
.Mas o malandro do início do século XIX não existe mais. A figura que ainda nos vem à mente quando nele pensamos é a de Zé Pelintra, entidade de umbanda representada pelo negro de terno branco e chapéu panamá. Na música popular, o sambista Moreira da Silva se dizia "o último malandro": usava e abusava das gírias da malandragem e se vestiu, até o fim da vida, como os antigos boêmios da Lapa. Este personagem urbano perdurou até meados da década de 40, quando o samba, a capoeira e a macumba começaram a sair da marginalidade e passaram a ser aceitos como símbolos da nacionalidade..A valentia perde sua razão de ser quando o revólver substitui a navalha. Esta é a mudança principal que transforma o malandro, da noite para o dia, em um tipo romântico e ingênuo. Diante do revólver, seu andar enviesado perde o sentido - antes indicava que o dono daquele gingado tinha jogo de cintura e apurada técnica de capoeirista. Em suma, era bom de briga..Na definição de Gilmar Rocha, autor de Navalha não corta seda: Estética e Performance no Vestuário do Malandro, não era um balanceado qualquer aquele jeito de andar: "Trata-se do famoso passo de urubu malandro, com o qual coloca-se o tempo inteiro em estado de prontidão". Viria exatamente desse mal andar (Miran de Barros Latif) a origem do termo malandro..Além do andar enviesado, o malandro era reconhecido pelo modo de se vestir. Por ser porta-voz dos pobres e marginalizados, a roupa era aspecto fundamental na construção de sua identidade. Andar bem vestido não era apenas reflexo da vaidade. Era uma obrigação imposta moralmente ao malandro - estamos falando de um homem que, muita vezes, não tinha nada na vida, a não ser a roupa do corpo..É importante observar que não havia um único tipo de malandro - a malandragem era um estilo de vida que agregava, por exemplo, o "malandro do morro", o "malandro da Lapa", o "malandro dos terreiros de macumba", o "malandro da capoeira" etc. Eles eram identificados justamente pelos trajes. Segundo Gilmar Rocha: "O malandro-sambista quase sempre usava chapéu de palha, camisa listrada e sapato branco, tão bem representado na pintura de Heitor dos Prazeres; o malandro-valente, normalmente boêmio e violento, vestia terno branco, sapato de duas cores, chapéu panamá. Quando usava lenço no pescoço estava dizendo, indiretamente, que era um capoeira"..O lenço no pescoço não era só um capricho. Feito de seda tinha a função de cegar a navalha do rival, numa ocasião de briga. Quando aplicada sobre a seda, a navalha escorria, deslizava e não cortava. O escritor Luís Noronha em seu livro Malandros: Notícias de um Submundo Distante conclui que os capoeiras exerciam um papel político na medida em que ditavam regras de conduta que ajudavam a organizar a malandragem:.1) Nunca usar arma de fogo, só sendo permitidas a navalha e o cacete de pau;2) Nunca trabalhar nas segundas-feiras, sacrificando qualquer negócio para preservar este princípio;3) Manter a identidade do grupo na forma de se vestir, usando terno branco e calça de boca fina (a chamada calça boquinha, com bolso muito fundo, no qual cabiam fumo, dinheiro, baralho e navalha);4) Usar o paletó sempre aberto, sapato de bico fino e lenço de seda no pescoço;5) Andar sempre gingando, em postura de combate, apoiando-se numa perna e flexionando a outra, alternadamente;6) Usar o chapéu como arma de defesa, dobrando-o e mantendo-o na mão esquerda quando estiver em combate (o chapéu, abas largas, deve trazer presa uma fita com a cor característica de sua malta: vermelho para Nagoas, branco para Guaiamus e assim por diante)..Numa época em que a moda inglesa e a francesa eram regras no Brasil, trajar um terno de linho branco era quase um crime. Não se sabe ao certo porque o branco ficou sendo uma espécie de uniforme da malandragem. Há algumas teorias. Para Gilmar Rocha, o branco exigia atenção máxima do malandro. Usar o terno branco era um desafio constante; quando estava sujo, indicava que o sujeito havia caído numa roda de pernada. Logo, manchas de terra ou sangue o desmoralizavam.. O folclorista Luiz da Câmara Cascudo nos chama a atenção para um outro detalhe: o terno branco era associado ao clima próprio dos trópicos, ao passo que o terno preto representava a sobriedade, o bom gosto e a autoridade da aristocracia. Por conta disso, o tecido branco era desvalorizado e, portanto, mais barato, sendo mais acessível às classes baixas. Não se pode esquecer também de um outro detalhe: quase todos os malandros eram ligados aos terreiros de macumba - onde a roupa branca é obrigatória.
.
[Na foto: imagem de Zé Pelintra, o malandro cultuado na Umbanda].Nada era aleatório no vestuário do malandro. Os anéis nos dedos, por exemplo, podiam funcionar como instrumentos de trabalho. Diz um certo Meirelles (ex-polícia) à Márcia Ciscati no livro Malandragem e Boêmia em São Paulo: "O malandro usava um anel-espelho quando jogava baralho; então ele via as cartas e mostrava para o parceiro. A gente chegava e prendia esses malandros"..O delegado Padilha tinha uma técnica para saber se o sujeito era malandro ou não: abordava um suspeito e jogava um limão por dentro da cintura de sua calça. Caso o limão não passasse na altura do tornozelo, o homem era detido como vadio. A boca estreita da calça, conta o delegado, impedia que, na briga de rua, o malandro fosse derrubado pelas pernas..Extinto como personagem cotidiano, mas ainda vivo como arquétipo, o malandro era o inimigo público da sociedade industrial capitalista. Sua recusa em tornar-se um operário ajuda a explicar, em parte, a sua condenação e o seu desaparecimento; mas também explica a sua permanência como um anti-herói querido no imaginário popular.




quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Que calor !!!


Que calor !!! Será que esse termômetro está certo? Acho que sim, aqui as quatro estações do ano são bem definidas, são: “calor, mormaço, quentura e fervidão”.

Haha, passei um bom tempo sem postar devido ao feriadão prolongado, mas estou de volta e perguntando: Acre o quê? Qual o motivo do nome “SAMBA” ser sempre usado de forma incorreta, ou usado para servir de nomenclatura que não condiz com essa palavra? Meu Deus! Samba é samba, pagode é pagode, axé é axé, malandro é malandro e Mané é Mané, vamos colocar as coisas no seu devido lugar. Para bom entendedor...ah! Vocês já sabem.
Axé

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A PRIMEIRA UMBIGADA


A origem do termo "samba" sempre esteve ligada a semba, estilo de dança da África caracterizada pela umbigada com que o cavalheiro distingue a dama, gesto esse recriadas em antigas danças afro-brasileiras. Entretanto, muito mais que "umbigo", o termo multilingüístico africano semba, que está na raiz do nosso "samba" significa "agradar, encantar", além de "honrar, reverenciar". Dele se originaram disemba e masemba que, aí sim, significam "umbigada". Observe -se que, nas danças africanas das quais o samba se originou, a umbigada, muito mais do que "a representação grosseira do ato sexual" apontada pelos missionários portugueses na época colonial, representava um agrado, um ato de sedução e uma reverência do homem para com a mulher, o que reafirma a elegância da civilização tradicional africana.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A fama e a glória

A FAMA E A GLÓRIA
(Soneto Sincopado)

A Fama encontrou a Glória e perguntou pra ela:
"Gostou dos meus olhos?
Viu como eu sou bela?
A Glória não quis responder e apenas sorriu
Caminhando tranqüila.
Mas a Fama insistiu:
"Repara como todo mundo me anseia e deseja!
Todo mundo me adora, me elogia e corteja!
" A Glória foi atenciosa mas se desculpou:
"Há uma longa jornada até o lugar aonde eu vou."
A Fama ofereceu carona e a Glória agradeceu
"Meu caminho é de pedras, vai furar seu pneu!"
A Fama sentiu-se ofendida e arrancou furiosa
Resmungando: "Que audácia!
Pobretona orgulhosa!"
E aí, a galera aplaudiu e não viu quando a Glória
Recolheu-se ao seu canto... nas páginas da História!!!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O mestre do Samba de Breque - Nei Lopes


Nei Lopes com toda certeza é o sambista mais inteligente que já escutei, ele e o Chico é claro, em se tratando de Samba de Breque ele é o mestre, como seria se no "Acresamba" tivesse uma apresentação desse ícone do samba, seria um sonho.
Olhem o site dele e me digam: http://www.neilopes.blogger.com.br/
Malandro JB (Nei Lopes)
Eu de chinelo charlote
meu chapéu copa norte
meu blusão de vual
(não tinha ainda de tergal)
cordão bem fininho
na medalha um bom santinho
trabalhado em metal
(era São Jorge maioral)
cristão e umbandista
eu tinha o meu ponto de vista
meu padrinho era Ogum
(não tinha santo mais nenhum)
só dava eu com a Judite
aos domingos no Elite
e às quintas no Mil e Um
(era traçado em vez de rum)
E enquanto a nêga não vinha
era uma boa cervejinha
com a rapaziada
(salta uma loura bem suada)
depois do basquete
era bater na bola sete
e caprichar na tacada
(olha a morena encaçapada)
Mas eu de sambista
tive que ser jornalista
pra me valorizar
(passei no tal vestibular)
e agora veja só você:
trabalho no Caderno B
critico samba popular
(seu Tinhorão vem devagar)
Um dia então fui chamado
convidado pra jurado
de julgar samba-enredo
(confesso até que tive medo)
no meio da quadra
apareceu um camarada
com jeitão de Ipanema
(era um artista de cinema)
virou-se pra mim
foi dizendo logo assim:
"sou diretor de carnaval"
(até aí nada de mal...)
esse é o samba dos cartolas
vai dar grana pra escola
de direito autoral
(toca na Rádio Mundial)
Se é coisa que eu não adoto
é nêgo cabalando voto
na maior cara de pau
e o samba de sobra
era um tremendo boi com abóbora
rimava açúcar com sal
antes de eu virar a mesa
pra acabar com a safadeza
foi armada um trelelê
(era judô e karatê)
e o tal do branco cabeludo
me deu tanto do cascudo
que eu nem sei mais escrever
(tá pensando que eu sou telha?)
Dona Condessa aborrecida
me expulsou do JB
(veja você...)