quinta-feira, 21 de maio de 2009

NOTÍCIA DE UM JORNAL EM MAIO DE 1955

Essa notícia foi publicada em um jornal no Rio de Janeiro no dia 15 de maio de 1955, 7 dias depois da morte de Geraldo Pereira.
Morre o sambista Geraldo Pereira
Depois de uma semana internado no Hospital dos Servidores da Prefeitura, morreu ontem o cantor e compositor Geraldo Theodoro Pereira, mais conhecido como Geraldo Pereira.Geraldo Pereira foi hospitalizado depois de uma briga no Bar Capela envolvendo o famoso boêmio carioca Joaquim Francisco dos Santos o Madame Satã. O estado de saúde de Geraldo Pereira não era bom. Antes mesmo do acontecido o sambista vinha sofrendo havia algum tempo de cólicas intestinais, evacuando sangue e com crises sistemáticas de vômito. Segundo freqüentadores do bar situado na Lapa, Geraldo e Madame Satã discutiam muito. “Depois de muito discutir, os dois começaram a brigar, aí meu amigo, ninguém nem tentou entrar no meio. O Pereira daquele tamanho todo, e Madame Satã capoeira como ele é... Foi soco e pé pra tudo enquanto é lado, até que o Satã acertou um soco muito do bem dado no Pereira, ele caiu e bateu com a cabeça no meio fio” afirmou Fininho, garçom do bar Capela. História: Geraldo Pereira nascido no dia 23 de abril de 1918, era mineiro de Juiz de Fora. Aos 12 anos veio para o Rio em busca de melhores oportunidades.Morando na Mangueira começou a compor para a inicial escola Unidos da Mangueira. Lá fez amizade com grandes pilares do samba como Cartola. Geraldo Pereira foi um dos precursores do samba sincopado e da renovação pela qual o ritmo passa. É autor de músicas como “Falsa Bahiana”, “Sem Compromisso” e “Bolinha de Papel”. Para Nelson Gonçalves, famoso cantor e amigo íntimo de Geraldo Pereira, a morte do sambista foi uma grande perda para a música popular brasileira. “O Geraldo era um cara muito especial, apesar de um pouco ranzinza, tinha um grande coração. O samba perdeu um de seus grandes bambas”.
Para quem não conhece:
Madame Satã:
João Francisco dos Santos (Glória do Goitá, 25 de fevereiro de 1900Rio de Janeiro, 11 de abril de 1976), mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, personagem emblemático da vida noturna e marginal do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX.
Criado numa família de dezessete irmãos, João Francisco chegou a ser trocado, quando criança, por uma égua. Jovem, foi para Recife, onde viveu de bicos. Posteriormente, mudou-se para o Rio, indo morar no bairro da Lapa. Analfabeto, o melhor emprego que conseguiu foi o de carregador de marmitas. Mas há quem diga que foi cozinheiro de mão-cheia. Foram fatores de sua marginalização o fato de ser negro, pobre e homossexual.
Dotado de uma índole irônica e extrovertida, Santos logo pegou gosto pelo carnaval carioca. Foi assim que, em 1942, ao desfilar no bloco-de-rua Caçador de Veados, surgiu seu apelido. O transformista se apresentou com a fantasia Madame Satã, inspirada em filme homônimo de Cecil B. DeMille.
Era freqüentador assíduo do bairro da Lapa, (reduto carioca da malandragem e boemia na década de 1930), onde muitas vezes trabalhou como segurança de casas noturnas. Cuidava que as meretrizes não fossem vítimas de estupro ou de agressão.
Foi preso várias vezes, chegando a ficar confinado ao presídio da Ilha Grande,agora em ruínas. Freqüentemente, Madame Satã enfrentava a polícia, sendo detido por desacato à autoridade. Exímio capoeirista, lutou por diversas vezes contra mais de um policial, geralmente em resposta a insultos que tivessem como alvo mendigos, prostitutas, travestis e negros.
É considerado uma referência na cultura marginal urbana do século XX.

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