O samba viveu tempos importantes para a sua história e para a forma de como ele está hoje em dia, tempo de repressão, tempo de glória, tempo de enfraquecimento e até tempo de ressurreição.
Na década de 10 houve a gravação do primeiro samba, mas especificamente em 1917, de autoria de Donga (até hoje há controvérsias sobre o autor), época que ainda os sambistas eram perseguidos pelo polícia e quem batucasse, fizesse samba na rua era preso. Na década de 20 os sambistas passam a ser procurados por grandes cantores que queriam letras, composições para seus discos e para cantarem nas rádios, nesse período começa intensamente a famosa venda de composições. No final da década de 50 surge a Bossa-Nova, que gerou uma imensa discussão entre os Bambas da época, uns a favor da “modernização” do samba, pois pela primeira vez desciam os morros e iam parar direto na zona sul, outros eram contra, com o argumento da “apropriação indevida” de uma cultura ou devido a “comercialização” de uma arte. Na década de 80 surge um novo modo de fazer samba, com novos instrumentos, novos compositores, estilo de batucar diferente, esse foi o movimento denominado: Cacique de Ramos, porque surgiu na quadro do bloco carnavalesco com o mesmo nome.
Chega a década de 90, surge um novo jeito de explorar a cultura, seus Bambas não eram mais vestidos com ternos de linho, agora eram roupas apertadas e coloridas, cordões e pulseiras de ouro pelo corpo, o gingado da malandragem abria passagem para o rebolado sensual, vários grupos surgiram e a palavra pagode, que antes representava as reuniões feitas por sambistas para cantarem samba, passou a ser usada como se fosse um novo ritmo (a explicação para a piada infame: Por que o Zeca Pagodinho toca samba e o Exaltasamba toca pagode? É essa!!! O Zeca era chamado de pagodinho porque vivia nas rodas de samba, ou seja, nas reuniões de bambas que eram chamadas de pagode e o Exalta no início da carreira tocava samba de raiz, a mudança de estilo veio depois, pronto! Não me contem essa piada novamente). O movimento de 90 foi o que mais mudou a essência daquele primeiro samba de Donga, a juventude da época que queria estudar o samba ou apresentá-lo de forma inicial (raiz) recorriam a década anterior (1980), daí a importância do Cacique de Ramos , ele foi um primeiro degrau para uma juventude que iria se aprofundar ainda mais no samba, depois da busca pelo Cacique a maioria passa a conhecer os grandes Bambas, como: Cartola, Noel e outros, por isso o movimento do Cacique de Ramos foi tão importante, é uma ponte para novos conhecimentos, uma espécie de túnel do tempo que levava para o passado. Hoje alguns desses fundadores do Cacique até fazem um estilo mais próximo da década de 90, mas já obtiveram suas importâncias.
De 1990 em diante os sambistas (que cultivam a essência primária do samba) tiveram que sofrer a equiparação com um estilo totalmente diferente, porém, tido como igual. Lembro que em tudo existem exceções e devem ter surgidos na década de 90 bons sambistas, embora não lembre agora. O que aconteceu na época foi que os novos grupos escreviam suas composições no estilo da música sertaneja (que também já sofria mudanças), um sucesso na época, e juntavam com a batida do samba, que tinham aqueles mesmos instrumentos criados no Cacique.
Não estou criticando o novo estilo da década de 90, só pergunto: DECÁDA DE 90, TRANSIÇÃO OU MALDIÇÃO DO SAMBA?